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Conhecimento.

Institucional

A inspiração por trás da Linha Expressionista

14/10/2020
Por:
Fabiana Bontempo
Cervejeira, Sommelière de Cervejas e Embaixadora da Krug Bier.

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Nossa Linha Expressionista foi inspirada no quadro “A CALÚNIA” pintado por Apeles na Grécia antiga.

Apeles foi um pintor grego nascido provavelmente em Colofón em 352 a.C., cidade do interior da Jônia, Ásia Menor. Ele foi o mais famoso pintor da época clássica e autor do único retrato de Alexandre Magno, conhecido no mundo atual.

Apeles foi caluniado por seu rival Antífilos por conspirar contra Ptolomeu IV Filopáto e foi preso. Após provar sua inocência ele pintou o quadro chamado A Calúnia para expressar o que teria acontecido com ele. Baseados nos relatos do quadro, vários pintores tentaram reproduzir A Calúnia. A mais importante reprodução foi pintada por Botticelli (1445 – 1510), chamada de A Calúnia de Apeles e se encontra hoje Na Galeria dos Uffizi em Florença.

Quadro “A Calúnia de Apeles” (1495) de Sandro Botticelli em têmpera sobre madeira.

Essa pintura de Botticelli é entendida como uma alegoria do que seria a Justiça naquele momento da História, ainda que a base dela seja a calúnia em si. No quadro, a dramaticidade da cena está presente não só pelas expressões faciais dos personagens, mas também pelas posições dos corpos, com braços e pernas torcidos, sugerindo uma movimentação. De acordo com a iconologia, as figuras representadas simbolizam conceitos: a Calúnia, a Inveja, um homem arrastado para o Rei Midas, atento ao que dizem a Suspeita e a Ignorância, o Remorso observando a cena e a Verdade nua, distante dos demais. O uso de cores contrastantes, dando a ilusão de claro e escuro, começou a ser utilizado pelo pintor nesse período, sendo que essa obra foi a última sem aspecto religioso que ele produziu.

O quadro mostra o rei sentado no trono cercado por duas conselheiras, a Ignorância e a Desconfiança. Elas murmuram-lhe ao ouvido palavras venenosas. Ele possui orelhas de burro e fecha os olhos à realidade. O Rancor estende um braço comprido para o rei e traz pela mão a Calúnia, a bela jovem de azul, que tem uma tocha em sua mão esquerda para mostrar credibilidade às mentiras que ela espalha. Por detrás da Calúnia, estão a Má-Fé e a Inveja, que não param de adornar sua amante, a Calúnia, fazendo um uso insidioso da inocência e da pureza. Apeles aparece na figura de um homem inocente, arrastado pela Calúnia, que o agarra pelos cabelos. Atrás deles, vestido de preto, vem o Remorso. Como o remorso sempre está ligado a fatos passados, ele olha para trás e se depara com a Verdade. Todos ocultam a sua verdadeira natureza com muita roupa. Somente a Inocência e a Verdade se mostram. Entretanto, a Inocência não se mostra por completo…

Nessa alegoria, Botticelli retrata o juiz em posição contrária à Verdade, que, ao apontar para o céu, sugere que ela cabe ao divino, assim como a justiça. Assim, o artista retrata a ineficiência da justiça no mundo, visto que o acusado já paga pela pena antes mesmo de ser julgado. Ele é arrastado pelos cabelos e não aparece em posição suplicante, como se já tivesse perdido a esperança. As testemunhas são a Suspeita e a Ignorância, que atormentam o juiz incapaz de pautar argumentos na vontade divina. Os olhos dele estão direcionados ao nada, como se não devesse atentar-se para o que estão dizendo e retomando a ideia de que a justiça é cega.

O comportamento humano foi a fonte de inspiração das cervejas…

Foi o ponto de partida que o nosso Mestre Cervejeiro Alfredo Figueiredo considerou para se inspirar e criar cervejas que tivessem como base os sentimentos e comportamentos cotidianos que habitam em todos nós.

Fazendo uma alusão ao quadro de Botticelli, em 2016 o artista mineiro Rafael Resende criou o nosso quadro, “A CALÚNIA DA KRUG”.

A ideia dos personagens já estava relativamente bem concebida, mas o tipo de traço do quadro demandou muitas horas de reflexões e cervejas… Finalmente, um traço moderno e caricato foi escolhido para exacerbar os comportamentos da sociedade atual.

Normalmente, na criação de uma cerveja, as cervejarias escolhem o estilo em primeiro lugar. Nesta linha de cerveja o estilo foi a última escolha, as cervejas foram concebidas nos comportamentos humanos e depois de prontas era escolhido o estilo em que melhor se encaixavam.

O quadro “A CALÚNIA DA KRUG” mostra a trama entre oito personagens, que representam as oito cervejas da Linha Expressionista, e a dinâmica por trás da história entre eles você vai conhecer agora!

“Começamos pela Calúnia, de cor rosa, com uma língua de cobra, que tem inserções de cobras no seu corpo, fala suas calúnias ao ouvido da Inocência, que presta atenção…

A Calúnia é uma cerveja estilo American Pale Ale. Exatamente como no caluniador, a cerveja começa com um aroma que parece uma brisa aromática. O caluniador sempre elogia o alvo de suas calúnias em primeiro lugar, para gerar credibilidade no interlocutor. Ele fala das virtudes reconhecidas por todos do caluniado e, em algum momento, ele usa a palavra “mas”. Após esta palavra, ele fala o que ele realmente quer, sua calúnia. Quem nunca ouviu alguém falar: O Fulano é muito bonzinho, MAS … Este “mas” é representado por um amargor da cerveja que vem ao final do gole.

“A Inocência, de óculos, apesar dos olhos vendados, não vê nada, mas escuta as calúnias. A Inocência carrega na cabeça uma auréola falsa, mas o seu cabelo mostra duas pequenas mechas que remetem a dois chifres. O que se esconde por trás deste sorriso solista, de sua camisa abotoada até o pescoço e de suas asas angelicais vermelhas? A resposta está na cerveja”.

A Inocência é uma cerveja, estilo tripel da Bélgica, pouco amarga e muito aromática com notas de cravo e frutas amarelas. O sabor da Inocência esconde, por trás desta candura, 8% de álcool, que faz o inocente mostrar sua essência, deixando um rastro de destruição.

“A Calúnia coloca sua mão direita na Ignorância, num sinal que ela a calunia. Porém, a Ignorância é o único personagem que parece estar realmente feliz. Apesar da Calúnia estar caluniando a Ignorância, para a Inocência, a Ignorância continua a beber feliz, sem se importar com os outros. A Ignorância está fora da trama e por isto se projeta à frente do quadro, ela não se preocupa com os outros, apenas com seu prazer, sem se submeter ao que os outros falam”.

A Ignorância é ignorante. O estilo American Double IPA com 10% de álcool, dispensa comentários. O amargor de 70 IBU é em parte atenuado pelo alto corpo da cerveja. Quantidades generosas de 6 diferentes lúpulos entorpecem a pessoa que como todo ignorante se descola da realidade vivendo em seu mundo à parte.

” Quem nunca falou ou fez algo de que se arrependesse? À exceção dos sociopatas, todos sentem isto com alguma frequência. A palavra remorso vem do latim “remorsus”, particípio passado de “remordere”, que significa tornar a morder. A pessoa com remorso se fere, se mutila, se tortura. Ele vem acompanhado de arrependimento e culpa. O remorso está preso a acontecimentos do passado. O Remorso, que é verde escuro, chora por algo que fez e se arrependeu, e carregando a culpa representada por uma bigorna sobre a cabeça. A bigorna é oca e emite alguns sinais cifrados”.

A cerveja Remorso é preta e amarga, refletindo os sentimentos de culpa e arrependimento. A cerveja, do estilo Russian Imperial Stout, possui aroma de café e chocolate com notas de baunilha. Estudos comprovam que pessoas que violaram seus códigos de ética e sentiram, por isto, remorso, após bebê-las apresentaram alívio da dor, provavelmente devido aos 9% de álcool da cerveja.

” O Sarcasmo, com um falso sorriso na boca, reconforta o Remorso, dando lhe cerveja para suavizar sua dor. O sarcasmo começa com um sorriso, uma piadinha, mas visa eliminar o outro da sociedade. Estaria o Sarcasmo simulando uma ajuda, sabendo que no dia seguinte o Remorso estaria mais abatido? As três figuras femininas se encontram do lado esquerdo do quadro. Elas parecem ser a mesma pessoa em momentos diferentes”.

O sarcasmo se encaixa bem dentro do humor negro inglês. A cerveja é do estilo inglês ESB (Extra Special Bitter) e se apresenta doce, com sabor de biscoito e malte, como se fosse uma brincadeira. Por trás se esconde o amargor do sarcasmo que visa excluir o outro.

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“O Rancor, com seus olhos vermelhos de raiva reprimida, encara a Submissão, uma vez que a origem do rancor é a submissão de não se colocar presente nas relações. O rancor não se manifesta no momento e guarda um veneno no coração. O rancor é como uma pessoa que toma veneno para matar o outro, representado pelo cigarro que ela fuma”.

As cervejas IPA são muito amargas como a vida das pessoas que guardam rancor.

“A Submissão, por sua vez, não se preocupa com nada a não ser em manter-se dentro das dietas da moda e ser admirada pelos outros. Ser magra, jovem, com barriga de tanquinho e conectada. A Submissão se coloca abaixo das outras figuras no quadro, pois seu prazer depende do que os outros pensam dela”.

O nome IPA é a abreviação de “India Pale Ale”. A Submissão é, então, uma cerveja de baixo teor alcoólico e, consequentemente, baixo conteúdo calórico. Ela também não contém glúten o que ajuda a manter a barriga de tanquinho. Além disto, contém tamarindo que possui propriedades importantes para as pessoas submissas às dietas da moda.

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“No alto da tela está a Pretensão, uma mulher mais velha que pretende passar por nova. Aparentemente, seria a Submissão após 40 anos. Ela se acha muito superior às outras figuras e por isto olha para outro lado desprezando todos os outros personagens”.

A Pretensão pertence ao estilo Specialty Wood Aged, ou seja, uma cerveja especial envelhecida na madeira, neste caso carvalho francês. É uma cerveja puro malte com 11% de álcool. Pelo fato de ter teor alcoólico, do perfil aromático de vinho, ser envasada em garrafas de “champagne”, ela não se acha cerveja e por isto despreza sua realidade.

AGORA QUE VOCÊ JÁ CONHECE UM POUCO MAIS SOBRE AS NOSSAS PERSONAGENS E NOSSAS CERVEJAS, A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR É:

VAI SE RENDER A QUAL?

Fabiana Bontem é embaixadora, cervejeira e sommelière de cervejas da Krug Bier.

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